Pouco mais de cinco meses após assassinar a ex-mulher a facadas na cidade de Surrey, na Inglaterra, o mineiro Ricardo Godinho, de 41 anos, foi condenado à prisão perpétua pela Justiça do país. O crime aconteceu na frente de uma das filhas do casal, após a vítima, Aliny Mendes, de 39 anos, buscar a criança na escola. Na sentença, de acordo com a rede de notícias britânica BBC, a juíza responsável chegou a repreender o assassino, dizendo: "Você deixou sua filha vendo a mãe morrer". 

Ainda de acordo com a publicação do país, Godinho foi considerado culpado pela corte de Guildford Crown por assassinato e posse de arma ofensiva, devendo cumprir no mínimo 27 anos de prisão. Em sua sentença, a juíza Thornton afirmou que, mesmo após a vítima cair no chão, o suspeito continuou a esfaqueá-la. "Enquanto ela estava no chão morrendo, você saiu em disparada em seu caminhão. Você deixou sua filha vendo sua mãe morrer. Nenhuma criança deveria ter que ver o que sua filha de três anos viu naquele dia", concluiu. 

A condenação, proferida na última quarta-feira (18), foi acompanhada pela família da vítima em Belo Horizonte e  por um irmão dela, que estava na corte. "Estamos aliviados com a condenação. Nós acompanhamos o julgamento pelo site, mas também recebemos informações do meu irmão, que está lá na Inglaterra", detalhou Haroldo Mendes, irmão da brasileira assassinada. Ele explica ainda que a família ainda espera a conclusão do pedido de guarda definitiva dos filhos do casal. "Mas acredito que meu irmão ficará lá para criá-los, pois teria um auxílio do governo inglês, coisa que não teria aqui no Brasil", pontuou. 

Após o julgamento, os familiares de Aliny divulgaram uma carta aberta falando sobre a condenação. "Aliny era uma mulher linda, inteligente, feliz e carinhosa que era amada por tantas pessoas, tanto no Reino Unido quanto em seu país de origem, o Brasil. Os eventos de sexta-feira, 8 de fevereiro de 2019, levaram não apenas uma irmã, uma filha, uma neta e uma amiga, mas, mais importante, tiraram uma mãe carinhosa de seus quatro filhos pequenos. O impacto que a morte de Aliny deixou em seus filhos é quase impossível de colocar em palavras", disseram os familiares. 

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Ainda conforme a carta, todas as quatro crianças têm menos de 12 anos e, por isso, não ter mãe é algo muito difícil para eles processarem. "São pequenas coisas que terão impacto em suas vidas quando crescerem. Quando elas estão doentes, a mãe não vai estar lá para acalmá-las; quando elas obtêm bons resultados na escola, a mãe não estará lá para elogiá-las; quando elas se apresentarem numa peça escolar, a mãe não estará presente para aplaudi-las; e em aniversários, formaturas, dias de casamento e outros eventos importantes, sua mãe não poderá compartilhar a celebração e a alegria da ocasião", conclui o texto, antes de agradecer o esforço do sistema judicial do país que, infelizmente, "nunca trará Aliny de volta". 

O crime

Aliny Mendes já tinha uma medida protetiva contra o suspeito antes de ser assassinada, no dia 8 de fevereiro deste ano. Residentes em Surrey, na Inglaterra, o casal manteve um relacionamento de 17 anos. Ele é dono de um negócio de manutenções residenciais na cidade. 

Nos últimos meses, o suspeito e Aliny estavam morando em casas separadas, sendo que ela ficava com os quatro filhos do casal. Ele teria cometido o crime por estar impedido de ver os filhos desde a separação, após a vítima solicitar a medida protetiva. 

O crime aconteceu quando Aliny havia ido buscar os filhos na escola. Quando ela estava perto da instituição com a filha mais nova no colo, o ex-companheiro chegou em um carro acompanhado por outro homem, desceu do veículo e esfaqueou a ex-mulher, que acabou morrendo no local. Em seguida ele fugiu, mas foi preso pouco tempo depois e acusado pelo homicídio.