A situação das estradas rurais em São Roque de Minas tem prejudicado a escoação do queijo canastra, o principal item de comércio na região, além de ser exportado para diversos países e vendido em todo Brasil. Segundo moradores, as estradas estão intransitáveis e os compradores de queijo estão cobrando posicionamento de quem fabrica o produto, já que o queijo não tem chegado ao consumidor final. A situação também afeta produtores de frutas e vários itens de comércio local.

Buracos, poeira, ribanceiras e lama são alguns dos problemas listados. O fato levou vários produtores a uma praça pública, no Centro da cidade, nesta quarta-feira (18). O grupo protestou e pediu a solução do problema ao Executivo.

O G1 tentou falar com a secretaria responsável e com o prefeito Roldão de Faria Machado (DEM) sobre o assunto nesta quinta-feira (19). No entanto, as ligações não foram atendidas.

Problema que se arrasta

A situação em São Roque de Minas se estende há mais de três anos e tanto tempo já é suficiente para produtores serem cobrados por compradores de queijo, que alegam que o produto não chega ao destino ou registra algum atraso. Vários acidentes já foram registrados nas estradas rurais de Serrinha, Leites e Buracas, São João Batista da Canastra e São José do Barreiro. As cinco localidades são as mais afetadas pelo problema.

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Tânia da Silva é produtora de queijo canastra há 13 anos e segundo ela, a situação da estrada que liga Serrinha a São Roque de Minas se agravou nos últimos anos e agora é ainda pior. Ela entrega semanalmente mais de 80 kg de queijo a uma distribuidora do produto na cidade que leva o queijo para São Paulo e de lá segue como exportação. Tânia conta que chegou a ficar 15 dias sem ter condições de entregar o queijo e o prejuízo é sempre grande.

 

“Não temos estradas. Até para manifestar nesta quarta tivemos dificuldade para chegar na cidade. O pessoal que compra queijo cobra de todos nós. Outro problema grave é perder a produção, se o queijo passa da data prevista ele vai perdendo a característica de queijo canastra”, ressaltou.

 

Além disso, o turismo também está abalado pela falta de estrutura nas estradas.

 

"Os turistas não conseguem sair da cidade para comprar queijo. Eles querem ir nas fazendas conhecer o processo de produção, mas não conseguem por conta das estradas, que são também ferramentas para o trabalho do povo de São Roque de Minas. Sem essas estradas em condições mínimas para trafegar, os produtores deixam de lucrar e o turismo é afetado diretamente, ou seja, todos perdem”, disse a diretora da Associação de Turismo da Serra da Canastra, Daniela Labônia.

Uma moradora, que não quis ser identificada, disse que a Prefeitura é omissa aos problemas e quando as pessoas reclamam de situações como as estradas, são ameaçadas. "Há intimidação e compra de o silêncio das pessoas com ameaças", destacou a moradora.

O prefeito não atendeu às ligações para tratar pontualmente sobre o assunto.

Além do queijo canastra
Além do queijo, café, frutas, artesanatos e vários outros itens que, segundo os moradores, são vendidos para a capital mineira Belo Horizonte, para o Ceará, Alagoas e São Paulo, estão sendo prejudicados. "Todos os anos os moradores enfrentam esse problema e a pior fase para nós, que somos produtores de manga, é no começo do ano. Tivemos que comprar um trator especial para levar as frutas para a cidade porque com caminhões normais não é possível em dias de chuva, ou mesmo na seca por conta da poeira. Se não houver manutenção agora, pelo menos nos pontos mais críticos, vai ser impossível", disse a produtora Simone Wolf.