Mais dois casos de reinfecção pela Covid-19 foram dados como inconclusivos na região Centro-Oeste, segundo a Secretaria de Estado de Saúde (SES-MG) divulgou no boletim periódico nesta terça-feira (3).

Os dados são referentes aos municípios de Arcos e de Cláudio, que teve diminuição de um caso que era investigado. Ao todo, são 19 casos inconclusivos e dois em investigação em toda a região Centro-Oeste de Minas.

Os dados são da semana 30 de 2021 e têm as seguintes cidades citadas: Arcos, Bom Despacho, Cláudio, Divinópolis, Formiga, Itaúna e Pitangui e Piumhi. Não há mais informações sobre as pessoas que podem ter testado positivo novamente para o novo coronavírus.

 

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Boletim epidemiológico de reinfeção

 

O informe mostra que Minas Gerais tem 407 casos notificados de reinfecção por Covid-19. O único caso de reinfecção confirmado, até o momento no Estado, é de um paciente de Sabará na Região Metropolitana de Belo Horizonte (RMBH).

Veja abaixo o panorama das investigações divulgadas pela SES-MG nas cidades atendidas do Centro-Oeste de Minas.

Casos suspeitos de reinfecção investigados por cidade

Cidade Inconclusivo Em investigação Descartado Confirmado Notificado/Total
Arcos 5 - - - 5
Bom Despacho 1 - - - 1
Cláudio 3 1 - - 4
Divinópolis 1 1 - - 2
Formiga 5 - - - 5
Itaúna 1 - - - 1
Pitangui 1 - - - 1
Piumhi 2 - - - 2

Fonte: SES-MG

 

A SES-MG considera para investigação o indivíduo com dois resultados positivos de RT-PCR em tempo real para o vírus SARS-CoV-2, com intervalo igual ou superior a 60 dias entre os dois episódios de infecção respiratória, independente da condição clínica observada nos dois episódios, desde que tenha amostras respiratórias (pelo menos, uma amostra de cada episódio de infecção) disponíveis e viáveis para investigação

 

Casos de reinfecção

 

O primeiro caso de reinfecção do mundo foi confirmado em agosto por pesquisadores de Hong Kong. Trata-se de um homem saudável com o segundo caso de Covid-19 diagnosticado 4 meses e meio depois do primeiro. O sequenciamento do genoma mostrou que as duas cepas do vírus são diferentes, o que comprova a reinfecção.

No Brasil, o primeiro caso de reinfecção foi confirmado em 9 de dezembro. Em Minas Gerais, o primeiro caso de reinfecção foi confirmado em um jovem de 29 anos, no dia 2 de março. Ele teve a Covid-19 em maio de 2020 e voltou a ter a doença em janeiro de 2021.

 

Minas Gerais

 

De acordo com a SES-MG, já foram 407 casos notificados de reinfecção desde o início da pandemia em Minas Gerais, sendo que quatro foram descartados, um confirmado em Sabará e 231 considerados inconclusivos "devido à falta de dados que permitissem a investigação".

Os outros 171 são os que seguem em investigação.

Como os casos são investigados em MG?

As investigações de reinfecção são realizadas por meio do Centro de Informações Estratégicas e Resposta em Vigilância em Saúde (CIEVS Minas) em parceria com a Fundação Ezequiel Dias (Funed) e regionais de saúde.

Pelo protocolo, a SES-MG considera casos suspeitos de reinfecção aqueles em que a pessoa apresentou novo quadro clínico em período acima de 90 dias do primeiro episódio confirmado laboratorialmente.

 

O que se sabe sobre contaminados pela 2ª vez

 

 

Abaixo, em tópicos o que as pesquisas e as diretrizes mais recentes dos órgãos de saúde apontam sobre o tema.

 

  1. O que é a reinfecção?
  2. O que é preciso para atestar um caso de reinfecção?
  3. A reinfecção é comum apenas para o Sars-Cov-2?
  4. Dois testes positivos são suficientes para atestar a reinfecção?
  5. Quais os casos de reinfecção confirmados pelo mundo?
  6. Há casos de reinfecção confirmados no Brasil?

 

1 - O que é a reinfecção?

A reinfecção acontece quando a pessoa se recupera da Covid-19 e tempos depois ela adoece novamente. Para confirmar a recontaminação, é preciso provar que o código genético do primeiro vírus é diferente do segundo. O código genético é como se fosse uma impressão digital do vírus.

2 - O que define um caso de reinfecção?

No fim de outubro, o Ministério da Saúde divulgou uma nota técnica com regras para a definição de casos suspeitos de reinfecção. Para que isso seja caracterizado, o indivíduo precisará de dois resultados positivos de RT-PCR, com intervalo igual ou superior a 90 dias entre os dois episódios, independentemente da condição clínica. O outro ponto é a conservação adequada das amostras.

 

"A reinfecção por cepas homólogas é uma possibilidade, mas no atual cenário, e em virtude do conhecimento de que o SARS-CoV-2 pode provocar eventualmente infecções por períodos prolongados de alguns meses, faz-se necessário determinar critérios de confirmação, como sequenciamento genômico, para comprovação de que se tratam de infecções em episódios diversos, por cepas virais diferentes", informou a nota.

 

3 - A reinfecção é comum apenas para o Sars-Cov-2?

Denise Garrett diz que os casos de reinfecção já eram conhecidos entre pacientes infectados por outros coronavírus comuns. Vírus que causam infecções das vias respiratórias, como a Covid-19, podem ocorrer duas ou mais vezes.

4 - Dois testes positivos são suficientes para atestar a reinfecção?

A imunologista e professora da Faculdade de Medicina e do Instituto de Medicina Tropical da USP, Ester Sabino, explica que o teste RT-PCR (teste que coleta o material da garganta e do nariz do paciente com um cotonete) positivo duas vezes não indica a reinfecção.

 

“Nós sabemos que reinfecção acontece, mas a ciência não conseguiu definir com qual frequência ela acontece. Os estudos usam métodos complexos para comprovar a reinfecção. É preciso sequenciar os vírus e eles precisam ser de cepas diferentes" - Ester Sabino, imunologista.

 

Confirmar reinfecções acaba sendo difícil porque, na maioria das vezes, os cientistas não sabem o código genético do vírus que contaminou a pessoa pela primeira vez, para, então, compará-lo com o código do segundo vírus.

“Para provar a reinfecção precisamos sequenciar o genoma do vírus. Esse teste é complicado, especializado. Por isso, é raro conseguir provar que é uma reinfecção”, explicou Garrett.

 

"É difícil separar os casos de pessoas que ficam com o PCR positivo prolongado, de pessoas que ficaram com o vírus e ele reapareceu, ou se realmente a pessoa pegou de novo", completou Sabino.