volume útil do Lago de Furnas, que abrange Capitólio, Pimenta e Formiga no Centro-Oeste, estava em 18,2%, um número considerado um dos mais baixos da história para um mês de agosto. No entanto, segundo a última medição realizada na terça-feira (21), o valor caiu para menos da metade do que é aceitável e chegou a 14,74%. A marca considerada aceitável é acima de 30%, segundo o Operador Nacional do Sistema (ONS).

O número vai de encontro com o alerta dado pelo Governador Romeu Zema (Novo) durante evento de abertura do Processo de Tombamento dos Lagos de Furnas e Peixoto realizada, em Capitólio. O Chefe do Poder Executivo do Estado falou sobre um possível desabastecimento provocado pela crise hídrica.

 

Baixo volume útil

 

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A medição analisada em agosto só não é menor do que foi registrado no mesmo mês de 2001, quando o Brasil passou por um racionamento de energia que atrapalhou a retomada da economia. Naquele ano, durante o mês, o volume útil da represa chegou a 13,72%, caiu para 12,98% em setembro e só passou a subir a partir de outubro com o início das chuvas, atingindo 28,03% em dezembro.

No ano passado, em 25 de agosto de 2020 o volume útil era de 50,20%.

Ainda segundo a ONS, em dados gerais, sem avaliar apenas o mês de agosto, o pior registro foi em 1999 quando a represa atingiu 6,28% - queda histórica - e em 2017, quando a medição apontou 8,65%.

 

Monitoramento elétrico

 

No fim de agosto, o Comitê de Monitoramento do Setor Elétrico (CMSE), órgão presidido pelo Ministério de Minas e Energia, afirmou que houve uma "relevante piora" das condições hídricas no país. Segundo o comitê, é imprescindível manter todas as medidas em andamento e adotar novas providências para manter os reservatórios das hidrelétricas.

 

Desabastecimento

 

O governador disse, na manhã de quarta-feira (22), que o abastecimento de energia elétrica em Minas Gerais está no limite e corre o risco de desabastecimento em algumas regiões do Estado.

 

"Estamos vivendo escassez de chuvas, consequentemente uma crise hídrica, que está se desdobrando para se tornar uma crise energética. Tenho acompanhado de perto e, a qualquer momento, corremos riscos de termos algumas regiões desabastecidas por energia elétrica. O nosso sistema está operando no limite, apesar de todas as usinas termoelétricas estarem

 

Na avaliação do governador, a situação do nível de água nos reservatórios das represas do estado pode ser considerado como calamidade pública.

 

"O caso de Furnas se repete em Nova Ponte e se repete em várias outras represas do Estado, é realmente uma situação, eu diria, de calamidade pública", declarou.

 

Zema, no entanto, concluiu o discurso com otimismo ao ressaltar investimentos em matrizes energéticas no país, como a fotovoltaica e a eólica.

"Temos recebido investimentos recordes na geração de usina fotovoltaica que cada vez mais compõe nossa matriz. A energia eólica, em outros estados, já que em Minas não é tão propício, caminha rapidamente. E espero que, em breve, possamos ter uma energia mais limpa, mais barata e que preserva o nível dos nossos reservatórios", concluiu.