Maternidade da Santa Casa de Três Pontas fechou as portas sem data para ser reaberta. O problema, segundo os médicos que pararam com os atendimentos, é a falta de salários.

A decisão de suspender os atendimentos foi tomada pela diretoria nesta semana. Os médicos-plantonistas já estão com seis salários atrasados. O valor da dívida com os médicos chega a R$ 2,6 milhões.

"A falta de pagamentos de salários a gente vinha negociando com os colegas e cobrindo os plantões que estavam descobertos. Na atual situação, não conseguimos mais. Com a falta dos profissionais, põem sim em risco os pacientes que estão sendo aqui atendidos e por isso a gente teve que tomar a decisão de fechar o setor", disse o diretor técnico do hospital, Geovanne de Barros Pereira.

Pelo menos 10 partos são feitos todos os dias na maternidade. Agora, pacientes que dependem da Santa Casa para dar à luz vão ter que encontrar o serviço em outro hospital. A situação só deverá ser normalizada se os salários dos médicos forem pagos. No entanto, conforme a diretoria do hospital, ainda não há um prazo para isso acontecer.

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"Eu entendo a parte deles, eles trabalham, eles têm que receber. Porém, a condição de pagamento depende do dinheiro do Estado pra gente fazer o pagamento", disse o provedor do hospital, Michel Renan Simão Castro.

A Santa Casa de Três Pontas é referência na região. Ela atende cerca de 140 mil pacientes de pelo menos outras cinco cidades. Não é de hoje que o hospital enfrenta problemas. No ano passado, a equipe médica de outros setores ameaçou parar também por conta de atraso nos salários. Oito leitos da pediatria também foram fechados.

Neste ano, a comunidade ajudou o hospital com doações. Mas a dívida ainda é grande: chega a R$ 15 milhões. Segundo o provedor da Santa Casa, só neste ano o governo estadual deixou de repassar R$ 700 mil. A falta de dinheiro pode comprometer outros serviços além da maternidade.

"Provavelmente em breve, se esses recursos não chegarem, não aportarem às contas da Santa Casa, logo teremos mais especialidades que deixarão de ser atendidas", disse o provedor do hospital.

Sem orçamento, nem novos médicos plantonistas a Santa Casa conseguiu contratar.

"Nesse contexto fica difícil de você conversa com um novo profissional para vir trabalhar aqui, sendo que as perspectivas do governo também não são boas e a Santa Casa não tem de onde tirar os recursos para pagar esses salários", disse o diretor clínico do hospital, Eduardo de Vasconcelos Camargo.

Segundo o interventor do hospital de Três Pontas, os salários atrasados são referentes aos médicos plantonistas, que são pagos através das verbas do Rede Resposta Hospitalar, que está com três meses de atraso, confirmados pela Secretaria Estadual de Saúde. Ainda conforme a secretaria, não existe prazo para que os pagamentos sejam regularizados.