A represa de Furnas, cujo lago banha a cidades de Capitólio, Candeias, Formiga, Itapecerica e Pimenta na região Centro-Oeste de Minas, além de cidades no Sul do estado, está operando apenas com 21,95% de sua capacidade total.

Os dados, atualizados na última terça-feira (4), são do Operador Nacional de Sistema Elétrico (ONS), órgão controlador das instalações de geração e transmissão de energia elétrica.

O motivo para o baixo volume de água na represa é a estiagem. Segundo o Instituto Nacional de Meteorologia (Inmet), a última chuva registrada na região aconteceu há três meses e, por isso, o nível de água da represa vem caindo.

Em julho, os dados do ONS apontaram que a represa operava com 30% de sua capacidade total – volume mais baixo para o período nos últimos três anos. Já em agosto, o nível registrado pelo operador foi de 22,93%.

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Ainda de acordo com o Inmet, a estiagem na região deve continuar até o final de setembro. Apesar do baixo nível da represa, que é conhecida como “Mar de Minas” por sua extensão, a situação ainda não é tão grave quanto no ano passado, quando o nível caiu de 27,34% em agosto para 18,36% em setembro.

O secretário executivo da Associação dos Municípios do Lago de Furnas (Alago), Fausto Costa, afirmou  que o baixo nível da represa afeta diretamente vários setores ligados à economia das cidades banhadas pelo lago.

“É um prejuízo econômico, social e ambiental. Ano passado estava baixo, esse ano também. E [esta baixa] afeta vários setores, desde pescadores a empresários, que locam barcos, motos aquáticas e afins para turistas. Além disso, [a baixa] compromete o planejamento do setor turístico, porque fica impossível de prever o futuro e a estabilidade do lago. A agricultura também é prejudicada pois, com o nível baixo, não há como fazer irrigação nas plantações com a água da represa”, afirmou.

 

Ano de baixas

Segundo os dados do ONS, a usina, que é abastecida pela Represa de Furnas, opera com baixo volume de água desde o início de 2018.

Apesar de uma alta entre os meses de março e junho, quando o nível da represa alcançou 33,13%, o baixo nível de chuvas registrado na região durante todo o ano preocupa.

Em janeiro, a represa contava com apenas 21% de sua capacidade total. Em fevereiro, o número subiu para 26%. Em março, alcançou 32,03%. Já em abril, o aumento foi modesto e o número saltou para 32,23%. O maior valor registrado no ano, até agora, aconteceu nos meses de maio e junho, quando a represa contava com 33,51% de sua capacidade total.

De acordo com o Inmet, a alta registrada no primeiro semestre se deve ao verão porque, durante a estação, as chuvas são mais frequentes e o volume das mesmas é maior.

Caso a estiagem perdure, a Alago teme que as atividades econômicas dos municípios banhados pela represa sejam comprometidas e o dano ambiental seja maior.

"Se demorar muito para chover, além de danos econômicos para os pescadores, empresários e comerciantes, poderemos ter danos ambientais ainda maiores. As plantas [do entorno] podem vir a morrer com a falta d’água e o solo pode ficar infértil em decorrência disso. Por isso, esperamos que a chuva venha logo”, disse o secretário executivo.

 

Geração de energia

De acordo com o ONS, Furnas é o principal reservatório do Sistema Sudeste-Centro-Oeste brasileiro. A usina corresponde a 60% de toda a geração de energia elétrica do Brasil. Apesar disso, o volume da represa saltou de 73,53% em 2016 para 36,98% em 2017.