A Avon anunciou nessa sexta-feira (26), a demissão da executiva Mariah Corazza Üstündag, de 29 anos, após ficar ciente de que ela mantinha uma idosa de 61 anos em condição de trabalho análogo à escravidão. A empresa disse que está se mobilizando para prestar o acolhimento à vítima.

Na conta oficial do Twitter, a Avon comunicou o desligamento da executiva e reforçou o compromisso da empresa com a defesa dos direitos humanos.

“Com grande pesar, a Avon tomou conhecimento de denúncias de violação dos direitos humanos por um de seus colaboradores. Diante dos fatos noticiados, reforçamos nosso compromisso irrestrito com a defesa dos direitos humanos, a transparência e a ética, valores que permeiam nossa história há mais de 130 anos. Informamos que a funcionária não integra mais o quadro de colaboradores da companhia. A Avon está se mobilizando para prestar o acolhimento à vítima”, consta no comunicado.

 

Entenda o caso

Mariah Corazza Üstündag foi presa em flagrante no dia 18 de junho, após a Polícia Civil de São Paulo, resgatar uma senhora de 61 anos, em condições análogas à escravidão, na casa da executiva, na região do Alto de Pinheiros, bairro nobre da Zona Oeste da capital paulista.

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Mariah Corazza foi solta após pagar fiança de R$ 2.100. O marido dela, Dora Üstündag, de 36, também foi indiciado pela polícia.

Segundo informações publicadas pelo jornal Folha de S.Paulo, a denúncia de trabalho escravo e violação de direitos humanos foi feita por meio do Disque-100 da Secretaria de Direitos Humanos da Presidência da República.

A casa indicada na denúncia estava à venda. E o quarto em que idosa vivia, segundo o (MPT) Ministério Público do Trabalho, era uma espécie de depósito e tinha cadeiras, estantes e caixas amontoadas. Um sofá velho era utilizado como cama. Não havia banheiro no local.

Quarto onde a idosa foi encontrada – Ministério Público do Trabalho/Divulgação

 

O MPT pediu que o casal fosse obrigado a pagar uma pensão no valor de um salário mínimo para a senhora. Ainda de acordo com o MPT, a senhora foi contratada em 1998 como empregada doméstica. Ela trabalhou sem registro em carteira por 13 anos, não teve férias ou 13º salário.

A operação de resgate da empregada foi conduzida pela Conaete (Coordenadoria Nacional de Combate ao Trabalho Escravo) do MPT, com a Secretaria Estadual de Justiça e Cidadania e a DHPP (Delegacia de Homicídios e Proteção à Pessoa).

O advogado Eliseu Gomes da Silva disse à Folha que a família não vai se manifestar neste momento.